quarta-feira, 21 de abril de 2010

Reali explica extinção da Saned para cúpula do PT


20/04/2010 - FUSÃO
Por: Rodrigo Bruder (rodrigo@abcdmaior.com.br)

Dirigentes do PT cobram explicações de Reali sobre mudanças na Saned. Prefeito teve de detalhar como se dará o processo de fusão da Saned com a Sabesp; servidores temem demissões em Diadema

O prefeito de Diadema, Mário Reali (PT), reuniu-se, na noite desta terça-feira (19/04), com parte do secretariado, dirigentes e lideranças petistas, no diretório municipal da sigla, para explicar os reais motivos que devem forçar mudanças contundentes na gestão da Saned (Companhia de Saneamento de Diadema). Conforme publicado com exclusividade pelo ABCD Maior nesta semana, o vazamento de uma versão não-oficial do projeto de lei que visa transferir 50% do patrimônio da Saned à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), além de criar um modelo de sociedade de economia mista entre ambas as companhias, provocou uma celeuma no governo.

Acirrou os ânimos, principalmente, dos cerca de 340 funcionários da autarquia municipal, que temem enfrentar uma fase de demissões. Antes de reunir-se com a cúpula do PT, Reali já falara aos servidores da Saned pela manhã. A versão do texto que vazou aponta que os trabalhadores concursados da Saned podem ser transferidos para a nova empresa, entretanto, não garante manutenção dos postos. Um grupo de servidores, capitaneados pelo Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo), fizeram fortes protestos na tarde da última quinta-feira durante a sessão legislativa. Eles cobravam empenho dos parlamentares para barrarem a proposta, e bradavam. “Se houver fusão haverá confusão”.

Naquela ocasião, os vereadores asseguravam que a proposição, até então rascunhada a sete chaves pela Administração, não tinha chegado à Câmara. Em nota oficial, a Prefeitura informou, na tarde desta terça-feira, que já mandou a minuta do projeto para apreciação dos parlamentares. O Executivo convocou uma coletiva de imprensa para a próxima quinta-feira (22/04), e reforçou que "a proposta prevê uma parceria inédita com a Sabesp, que prevê investimentos de cerca de R$ 191 milhões para os próximos anos".

No entanto, sabe-se que essa fusão é motivada por uma dívida judicial estimada em R$ 600 milhões contraída pelo município junto à Sabesp a partir de 1995, quando os serviços de esgotamento sanitário e distribuição de água potável foram municipalizados. A reportagem teve acesso ao “rascunho” da propositura. O texto não-oficial do projeto informa que a Saned será extinta para dar lugar a uma nova empresa a ser composta mediante sociedade de economia mista.

Trata-se da CSAD (Companhia de Saneamento Ambiental de Diadema), que reservará 50% do patrimônio (ativos e passivos) ao município e 50% à Sabesp. O comando dessa nova gestão seria dividido e alternado entre a cidade e o governo estadual. Nos Conselhos Administrativo e Financeiro, seriam criados quatro cargos de direção em cada departamento, e as vagas seriam divididas de forma igualitária. A diretoria dessa nova empresa continuaria sendo composta por três diretores e o quadro de comissionados ligados a este departamento saltaria de 9 para 10 provimentos.

Às portas fechadas - A reportagem do ABCD Maior tentou acompanhar a reunião realizada no diretório do PT, a partir das 19 horas desta quinta-feira. Mas só conseguimos autorização para algumas imagens. Pouco antes da reunião, o presidente municipal da sigla, Josemundo Dario Queiroz, o Josa, chegou a autorizar a permanência do ABCD Maior na assembleia. Entretanto, a reportagem foi convidada a se retirar do recinto quando Reali pegou o microfone para falar aos militantes. A orientação foi de que o prefeito falaria após a referida reunião, e ainda na coletiva de imprensa marcada para a próxima quinta-feira.

Havia um clima tenso no ambiente. Fontes consultadas pela reportagem disseram que o governo errou ao não dar maior transparência à população sobre essa mudança na Saned. Na Câmara, já tem vereador fazendo coro para tal proposta ser debatida com a sociedade por meio de uma consulta popular nos bairros. O governista Milton Capel (PV), por exemplo, que foi um dos legisladores municipalistas dos serviços, chegou a cravar. "Não podemos decidir sobre isso sozinhos".
ABCD Maior

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