Por Natasha Pitts e Karol Assunção [Sexta-Feira, 16 de Abril de 2010 às 20:37hs]
O Massacre de Eldorado dos Carajás deixou muitas marcas da injustiça social. A mais evidente delas é a impunidade. Até o momento, não há registro de que algum dos cerca de 150 policiais envolvidos tenha sido punido. Da mesma forma, o coronel, o capitão e o major que comandavam a tropa também não sofreram penalizações. Amanhã (17), quando se completam 14 anos do ocorrido, a data seguirá sob o peso da injustiça.
Josimar Pereira de Freitas, um dos trabalhadores que conseguiu sobreviver à chacina, descreve bem o sentimento que carrega até hoje quando do julgamento dos acusados. "O julgamento dos acusados foi constrangedor, pois todos foram absolvidos. Algum tempo depois, eles receberam indenização por danos morais e praticamente todos já subiram de patente. O major e o coronel envolvidos foram condenados, mas estão soltos e podem não estar trabalhando, mas, na certa, estão recebendo. Estamos preocupados e revoltados e tem horas que pensamos estar num beco sem saída. No Brasil, não tem justiça para pobre", lamenta.
Durante a semana que antecede o 17 de abril, batizado como Dia Mundial da Luta pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, serão realizadas diversas manifestações para que o Massacre de Eldorados dos Carajás não seja esquecido. No Pará, amanhã, trabalhadores acampados e assentados farão uma grande marcha até a ‘Curva do S’, local onde aconteceu o Massacre de Eldorado dos Carajás.
"Nós pedimos justiça, mas se não há, pedimos que pelo menos não aconteçam no Brasil nem no mundo tragédias como a que aconteceu no nosso Pará", apela Josimar.
O advogado da Comissão Pastoral da Terra, João Batista Afonso, que atua no Pará e acompanha os casos de conflito na região, é enfático: "o massacre de Eldorado dos Carajás é o triunfo da impunidade", uma vez que após 14 anos do episódio, os responsáveis continuam soltos".
De acordo com ele, nenhum dos responsáveis pelas 19 mortes e centenas de feridos foi punido. Afonso explica que dois dos acusados foram condenados, mas até hoje não foram presos porque os recursos da sentença ainda estão sendo analisados."A impunidade no caso é de 100%", aponta, comentando que "dificilmente [os condenados] cumprirão a pena imposta".
Revista Forum
terça-feira, 20 de abril de 2010
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