Por: Suzana Vier, Rede Brasil Atual
Publicado em 07/04/2010, 10:45
Moradores de bairros atingidos por enchentes denunciam falta de assistência da prefeitura
Moradores do Jardim Pantanal, um dos bairros mais atingidos pelas enchentes na capital paulista, procuraram na terça-feira (6) a Promotoria de Justiça de São Paulo para denunciar falta de assistência à população de áreas alagadas desde 2009.
Apesar do prefeito Gilberto Kassab (DEM-SP) ter criado, em fevereiro, uma comissão para estudar o atendimento aos moradores do Jardim Pantanal, os moradores dizem que a situação continua caótica ou "até pior".
"Depois que as águas baixaram em alguns lugares, esqueceram por completo do bairro, mas as enchentes continuam", denuncia Ronaldo Delfino de Souza, da coordenação do Movimento de Urbanização e Legalização do Jardim Pantanal.
Há ruas do Jardim Romano e da Vila Itaim debaixo d´água desde outubro, dizem os moradores. "Nossa contagem começou no feriado do Dia das Crianças e agora já passamos da Páscoa com o mesmo problema", lamenta Souza. "Nesses locais, ainda hoje, a água chega no meio da perna", descreve.
Lama e móveis empilhados são outro problema da população na região. "Onde secou ficou aquela camada de lama e pilhas de móveis perdidos durante as enchentes", explica Zélia Andrade, moradora da Chácara Três Meninas, uma das áreas que permaneceu alagada por mais de 60 dias.
A área da saúde também enfrenta problemas. A busca por um médico pode demorar semanas, mesmo em casos graves, alertam. "Não há nenhum aparato médico para a população, só o que havia antes e já era insuficiente", enfatiza Zélia.
Assoreamento
De acordo com os moradores ouvidos pela Rede Brasil Atual, as enchentes persistem, devido, principalmente, ao assoreamento dos córregos da região. "Além do desassoreamento que não foi realizado até agora, os entulhos das casas destruídas foram parar nas águas", afirma Souza. A administração pública estaria deixando de retirar os escombros das casas para evitar que os moradores voltem ao local. Entretanto, o material estaria parando nos córregos e rios da região.
"Não houve planejamento para esses entulhos", acusam os moradores.
Para Souza, falta planejamento do estado e da prefeitura desde a década de 1990, quando o então governador Mário Covas (PSDB-SP) regularizou os bairros e os governantes que se seguiram deram infraestrutura para as pessoas permanecerem na região. "O governo deu esperança, brincou com o sonho das pessoas", dispara.
Segundo ele, é improbidade administrativa construir aparelhos públicos e mais tarde, destruí-los. "O estado deveria ter planejado antes, mas deixaram construir, eles mesmos investiram na área e agora nos tratam como criminosos", denuncia.
Investigação
Ainda sem conclusão, o processo de investigação aberto pela Promotoria de Direitos Humanos da capital paulista, em dezembro do ano passado, parte agora para apurar possível negligência do estado na gestão das águas e represas do rio Tietê.
O promotor de justiça de direitos humanos, Eduardo Ferreira Valério segue ouvindo a população atinginda pelas enchentes, técnicos e administradores públicos, mas admite que a "situação dos moradores é lamentável".
Em entrevista à reportagem, ele explicou que as pessoas ocuparam as áreas de várzea por omissão da prefeitura e que o esforço da promotoria é garantir que as pessoas tenham uma solução definitiva para os problemas que vêm enfrentando com as enchentes. "Não se pode admitir soluções paliativas", informa.
Adesão
Nesta quarta-feira (7), os moradores do Jardim Pantanal visitam os gabinetes dos vereadores de São Paulo para pedir apoio à CPI das Enchentes.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
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