quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Mulher saudita levará dez chibatadas por dirigir um carro

Decisão judicial inédita é tomada dois dias depois de rei anunciar que mulheres poderão votar e concorrer nas eleições de 2015

iG São Paulo | 27/09/2011 12:23h

Em imagem de vídeo divulgado pela Change.org, saudita dirige carro como parte de campanha para desafiar proibição à direção feminina na Arábia Saudita (17/6)

Ativistas da Arábia Saudita disseram que uma corte sentenciou uma mulher a dez chibatadas por desafiar a proibição do reino contra a direção feminina. De acordo com a ativista Samar Badawi, Shaima Ghassaniya foi declarada culpada nesta terça-feira por dirigir sem permissão do governo em Jeddah em julho.

A organização Women2drive, que defende o direito de as mulheres dirigirem na Arábia Saudita, disse que entraram com uma apelação.

A decisão judicial é tomada dois dias depois de o rei saudita, Abdullah, ter anunciado que as mulheres terão o direito de votar e concorrer nas eleições locais do país pela primeira vez a partir de 2015.

A Arábia Saudita, onde as mulheres não podem trabalhar sem a autorização de seus maridos ou pais, é o único país do mundo onde elas são proibidas de dirigir. Nenhuma lei proíbe oficialmente a prática, mas decretos religiosos conservadores a baniram.

Em meses recentes, várias mulheres dirigiram veículos em cidades sauditas em uma tentativa de pressionar a monarquia a mudar a lei. Para se deslocar, as sauditas precisam contratar um motorista e, se não tiverem recursos, dependem da boa vontade dos homens da família.

O ícone da campanha foi Manal al-Sharif, uma jovem especialista em informática, libertada em 30 de maio após ter permanecido detida por duas semanas por ter desafiado a proibição de dirigir e publicar no YouTube um vídeo no qual aparecia ao volante.

Najalaa Harriri, que é uma das outras duas mulheres que também enfrentam uma ação judicial por dirigir, disse à Associated Press que precisava usar um carro para cuidar melhor de seus filhos. O veredicto desta terça-feira é o primeiro desse tipo na Arábia Saudita. Outras mulheres ficaram detidas durante dias, mas não foram sentenciadas pela Justiça.

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