quarta-feira, 31 de março de 2010

Rodoanel vai piorar trânsito no ABCD

Por: Camila Galvez (camila@abcdmaior.com.br)

Trecho Sul do Rodoanel será aberto sem as obras complementares, previstas para serem entregues em 60 dias

O trecho Sul do Rodoanel Mário Covas será aberto ao tráfego nesta quinta-feira (01/04). Apesar de representar uma ligação mais fácil com o Litoral e prometer retirar das principais vias da Região Metropolitana de São Paulo 16,5 mil caminhões, a entrega do trecho sem as obras complementares, que só ficarão prontas em cerca de 60 dias, deve complicar o trânsito e criar gargalos nas áreas urbanas das rodovias Anchieta e Imigrantes e, principalmente, na cidade de Mauá.

Para o mestre em Transportes e professor de Engenharia Civil da FEI, Creso de Franco Peixoto, a área mais prejudicada será a interligação da nova rodovia com a Jacu-Pêssego, por meio da avenida Papa João 23, em Mauá. “O objetivo do Rodoanel é criar mobilidade, ou seja, tornar os deslocamentos mais rápidos. Porém, sem a conclusão das obras complementares, a satisfação do motorista com o tempo de viagem terminará quando chegar a Mauá, pois se entrará novamente no trecho urbano e a velocidade será fatalmente reduzida”, explicou.

Peixoto também destacou que a Prefeitura de Mauá e, consequentemente, os moradores da cidade poderão ter de pagar um preço alto pelo excesso de veículos. “Caminhões pesados prejudicam o pavimento, e quem é responsável pela manutenção da cidade é a Administração, que usa os recursos do IPTU pago pelo morador. É preciso que a Dersa (responsável pela obra), em parceria com a cidade, crie caminhos alternativos para minimizar o impacto.”

Em entrevista ao ABCD MAIOR em fevereiro, o secretário de Mobilidade Urbana de Mauá, Renato Moreira dos Santos, afirmou que negociava com a empresa para que as saídas do trecho Sul fossem sinalizadas e indicassem caminhos alternativos à Papa João 23. Um desses caminhos pode ser a avenida dos Estados, mas o engenheiro faz um novo alerta: “A capacidade da via já está saturada”.

A reportagem do ABCD MAIOR levantou ainda, com o auxílio do mapa da Região, que avenidas como a Alberto Soares Sampaio, Presidente Artur da Costa e Silva, ambas em Mauá, e João Ramalho, em Mauá e Santo André, poderão sofrer com o fluxo intenso de veículos.

A Secretaria de Transportes de São Bernardo deve assinar um convênio com a Dersa que garantirá que qualquer interferência no tráfego da cidade causada pelo Rodoanel deverá ter compensações por parte da empresa. A informação é da secretária Patrícia Veras. “Faremos o monitoramento das principais vias após a inauguração.”

Trecho Sul terá cinco praças de pedágio, todas no ABCD

As pistas do trecho Sul do Rodoanel entrarão em operação sem a cobrança de pedágio, que deve ocorrer apenas em 2011. A licitação para escolher a concessionária que vai cobrar a tarifa está em fase de preparação, mas o mapa do complexo viário no site da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) já informa que haverá cinco praças de pedágio no trecho Sul, nas quatro saídas para a Anchieta e a Imigrantes e no fim da alça Sul. O teto para a cobrança deve ser de R$ 6.

De acordo com informações da Dersa, foram 1.030 dias de obras, que consumiram 348 mil m³ de concreto moldado, 380 mil m³ de areia, 50 mil toneladas de volume de ferro e aço, 540 mil m³ de pedra e 327 mil m³ de asfalto. Foram necessárias também 1.279 desapropriações para executar as intervenções no trecho. Serão entregues nesta terça-feira (30/03) 57 quilômetros (sendo 25 quilômetros no ABCD). As obras complementares (ligação com a avenida Papa João 23, em Mauá), previstas para serem entregues em 60 dias, terão 4,4 km, totalizando 61,4 km de extensão. Foram investidos cerca de R$ 5 bilhões na obra, sendo 1,2 bilhão do governo federal e o restante do governo estadual.

A intenção do Estado com a inauguração do trecho Sul é reduzir em 43% o movimento de caminhões na Marginal Pinheiros e 37% em toda a avenida dos Bandeirantes, inclusive perto do aeroporto de Congonhas, na Capital.

Como forma de compensação ambiental por conta da retirada de 212 hectares de matas para a abertura das pistas, deve ser criado, na Região, o Parque do Riacho Grande, em São Bernardo, além da revitalização de mais de mil hectares do Parque do Pedroso, em Santo André.

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