03/03/2011
As centrais sindicais apelaram ontem à CUT (Central Única dos Trabalhadores) em favor da manutenção da unidade de ação. Como Brasília Confidencial antecipou na edição de ontem, a maior central do país quer encerrar a parceria iniciada há oito anos com as demais entidades. Na tarde passada, a Força Sindical, CTB, UGT e Nova Central emitiram nota afirmando que “introduzir no debate o fim da contribuição sindical”, como a CUT decidiu fazer, é uma forma de romper o processo de unidade das centrais.
A briga é travada em torno de vários temas e ameaça embaralhar o apoio unitário dos sindicatos à presidente Dilma Rousseff. Os presidentes da CUT, Artur Henrique, e da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), têm acirrado sua briga pela internet, com entrevistas, artigos em blogs e mensagens no Twitter. Paulinho disse estar “de saco cheio do PT”, em entrevista ao Terra Magazine, e Artur respondeu, inclusive em seu twitter, que “Paulinho está louco para sentar no colo do PSDB”. O líder da CUT ainda comparou as demais centrais a uma “velharia”, porque defendem o imposto sindical. E ontem declarou que “a Força foi montada com dinheiro da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Os empresários construíram a Força para acabar com a CUT. Ele (Paulinho) apoiou Collor, FHC e Alckmin”, disse questionando uma crítica de Paulinho, de que a CUT precisa ser mais autônoma em relação ao governo.
O presidente da Força Sindical, que se opôs à proposta do governo de fixar o salário mínimo em R$ 545, promete novos embates.
“Agora a luta se volta para impedir a reforma na Previdência”.
No site da Força Sindical, Paulinho afirmou que técnicos dos ministérios da Fazenda e da Previdência já iniciaram estudos para propor aumento do tempo de contribuição para a aposentadoria: 65 anos (homens) e 60 anos (mulheres).
“Somos contra esta proposta e defendemos a extinção do fator previdenciário”.
Única das centrais que não assinou ontem o documento de apelo à CUT, a CGTB, presidida por Antonio Neto, do PMDB, considera as declarações da CUT sobre o imposto sindical como uma “armadilha” para separar as centrais. E reclama da briga entre os líderes da CUT e da Força Sindical.
“Há um exagero nas declarações tanto do Artur quanto do Paulinho. As lideranças precisam se lembrar de que elas não são partidos. Em vez de brigar, temos é que focar na macroeconomia. Há uma disputa no governo entre monetaristas e tributaristas e nós tínhamos é que estar marcando presença para os interesses dos trabalhadores. O PDT precisa ir lá no governo e resolver os seus problemas, enquanto a CUT precisa deixar de fazer colocações equivocadas”, afirmou Antonio Neto.
Lideranças sindicais ouvidas por Brasília Confidencial avaliam que a separação das centrais poderá comprometer o apoio dos sindicatos ao governo federal. Dizem essas fontes que, se a presidente Dilma Rousseff atender a pressão da CUT pelo fim do desconto da contribuição sindical, será acusada de querer destruir a organização dos trabalhadores. Dirigentes das centrais, muitos deles ligados também a partidos como PSDB, PPS e PV, aproveitariam o rompimento para apoiar candidatos da oposição em 2012 e 2014.
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