02/03/2011
“Cada vez mais ficará clara nossa diferença com relação à Força Sindical e às demais centrais. Estamos chegando ao limite da parceria. Nesses anos, a CUT acabou construindo mais pautas conjuntas. Mas, se a CUT não se voltar mais para as relações do trabalho, para as mudanças que estão ocorrendo, vai acabar ficando do lado de fora”, anunciou a Brasília Confidencial o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores, Artur Henrique.
As centrais devem se reunir com os movimentos populares entre os dias 21 e 25. Devem também participar juntas das possíveis mobilizações contra a política econômica e por reformas estruturais. Mas, de acordo com Artur, o distanciamento será crescente. A CUT quer, por exemplo, acabar rapidamente com o imposto sindical e o que chama de sindicatos de gaveta.
“Essa é uma grande bandeira que a CUT deverá levar sem as demais centrais. E isso é incompatível”, afirma Artur.
O casamento que a CUT pretende desfazer se deu logo no início do primeiro Governo Lula, quando foi criado o Fórum Nacional do Trabalho. As centrais e as entidades representantes do patronato discutiam as políticas trabalhistas.
“Havia uma harmonia necessária, porque as centrais precisavam se unir para discutir com as empresas, sem muitas divisões, o que não é mais o caso. Vamos manter nossa participação em agendas comuns, pois a luta de classes continua, mas marcaremos mais nossas diferenças”, reafirma Artur.
Depois da união com a Força Sindical e outras centrais em torno da candidatura presidencial de Dilma Rousseff, no ano passado, o acordo político entre as centrais também está prestes a desmoronar. Uma das grandes preocupações da CUT é a aproximação da Força Sindical e de outras centrais a governos do PSDB.
“Há um debate político que precisa ser feito. Algumas centrais confundem seu papel e já ensaiam sua atuação para as eleições de 2012. Aqui na CUT é diferente. Um dirigente não pode acumular o cargo com um cargo de deputado, por exemplo. E nós não faremos coro ao PSDB e ao DEM, assim como não apoiaremos ou atacaremos o Governo Dilma cegamente”, diz o principal dirigente da CUT.
O presidente da Força Sindical e do PDT em São Paulo, deputado federal Paulo Pereira da Silva, diz que não vê riscos de ruptura com o Governo Dilma ou mesmo entre as centrais.
“Nós, inclusive, vamos convidar Dilma para o nosso 1º. de Maio. Nós vamos aumentar a pressão ao governo, porque não gostamos da política de arrocho que está sinalizada, mas o que queremos é que a presidente venha para o nosso lado”.
O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, também disse não acreditar em um rompimento entre as centrais.
“O que acontece é que a CUT foi criada nos anos 80, com uma ideia de central única que prevalecia na época. Algumas correntes da CUT ainda defendem isso. Nós viemos depois da queda do muro de Berlim e não temos o mesmo ideário político”, disse Juruna lembrando que a direção da Força reúne membros do PSDB, além do PDT.
“As eleições de 2012 e 2014 quem está decidindo são os partidos. Nos sindicatos somos plurais”.
O poderio das centrais entre os 4,8 milhões de trabalhadores sindicalizados:
Central Única dos Trabalhadores: índice de representatividade de 38,23%.
Força Sindical: índice de representatividade de 13,71%.
CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil: índice de
representatividade de 7,55%.
UGT – União Geral dos Trabalhadores: índice de representatividade de 7,19%.
NCST – Nova Central Sindical de Trabalhadores: índice de representatividade de 6,69%.
CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil: índice de representatividade de 5,04%.